domingo, 10 de fevereiro de 2008
Circular: "A coisa, que estava à espera, alertou-se, precipitou-se sobre mim, penetra em mim, estou pleno dela. – Não é nada: a Coisa sou eu. A existência, liberada, desprendida, reflui sobre mim. Existo. Existo. É suave, tão suave, tão lento. E leve: dir-se-ia que isso flutua no ar por si só. Mexe-se. São leves toques, por todo lado, toques que se dissolvem e se desvanecem. Suavemente, suavemente. Há uma água espumosa em minha boca. Engulo-a, ela desliza por minha garganta, me acaricia – e eis que renasce em minha boca, tenho perpetuamente na boca uma pequena poça d’água esbranquiçada – discreta – que roça minha língua. E essa poça também sou eu. E a língua também, e a garganta, sou eu." (Jean-Paul Sartre, "A Náusea")
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário