segunda-feira, 7 de abril de 2008

Circular: "Em São Paulo, a beleza precisa ser garimpada. No Rio, tudo se descortina fácil. Lá, suponho, o arquiteto tem a missão de fazer o ambiente externo se projetar, o quanto possível, no ambiente interno. A pessoa se sentirá feliz se for lembrada, a cada instante, de que está no Rio. Aqui, o desafio do arquiteto é nos fazer esquecer que estamos em São Paulo. A força da cidade reside nesse poder de transporte, que se assemelha ao do cinema. Claro, nem todo mundo se dispõe a garimpar a beleza. Muitos a preferem sob pronta entrega, delivery. Neste caso, nada melhor do que a Baía da Guanabara. Aqui, é no corpo-a-corpo. Pessoas de lugares distantes sentem um temor respeitoso por São Paulo. Não a criticam abertamente porque não pega bem desprezar um ambiente cosmopolita. Mas sabem, com Carlos Lyra, que feio não é bonito. As pessoas vêm a São Paulo por necessidade: uma reunião, um congresso, um transplante de medula. Nada disso dá samba." (Renato Modernell, "Sobre mulheres e cidades").

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