terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Circular: "Toda família clássica sente-se na obrigação de ter um fracassado: uma família sem fracassado não é uma família de verdade, porque lhe falta um princípio que a conteste e lhe dê legitimidade. O tio tem quarenta anos e mora num conjugado de trinta metros quadrados: é como um quarto de criança, só que sem pais. A superfície ocupada pelo tio é inversamente proporcional à sua idade: quando ele tinha trinta anos, dispunha de um apartamento de cinqüenta metros quadrados. O tio deseja que sua mãe vá continuar entre os mortos sua paixão pelas doenças e sua tagarelice maçante. Não que dê para tirar assim da alma uma farpa dessas, mas o desaparecimento físico de uma pessoa proporciona com toda certeza vantagens definitivas. O tio acumulou tropeços gratificantes, que confortam a família em suas escolhas justas e nobres: desemprego, divórcio, falta de descendentes, concubinato com mulheres divorciadas, inserções fracassadas em lares monoparentais etc." (Pierre Mérot em "Mamíferos")

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