quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
"Beber é ruim. Mas é muito bom."
Os editores do New York Times aproveitaram a semana de festas e coisa e tal e fizeram uma seleção de matérias sobre champagne que já saíram nas páginas do jornal. Veja aqui. Saúde.
Circular: "A vida, entretanto, é assim mesmo, uma repetição de atos e meneios, como nas recepções, comidas, visitas e outros folgares; nos trabalhos é a mesma coisa. Os sucessos, por mais que o acaso os teça e devolva, saem muitas vezes iguais no tempo e nas circunstâncias; assim a história, assim o resto." (Machado de Assis, "Memorial de Aires", 30/9/1888)
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
domingo, 23 de dezembro de 2007
"2084", uma telenovela de Renato Pompeu
Depois de lançar "O mundo como obra de arte criada pelo Brasil", o jornalista e escritor Renato Pompeu resolveu se aventurar pelo mundo das telenovelas. Como presente de natal para os leitores deste blog, transcrevo aqui, com a permissão do autor, as inéditas primeiras cenas do roteiro de "2084", ainda incompleto. Feliz Navidad.
2084
Telenovela de Renato Pompeu
Seqüência 1 – cerca de três minutos
Exterior – estrada bucólica em 2084
Enquanto toca, alto, a música de fundo, e acompanhando seu ritmo, um jovem centauro, de feições chinesas, carregando a tiracolo um subnotebook, cavalga em forte galope pela beira de terra de uma estrada de asfalto dourado por onde circulam raramente alguns veículos ultramodernos; a estrada serpeia por entre montanhas, vales, planícies, planaltos, junto a praias e margens de rios, tudo entre muitas árvores de todos os tamanhos e muita vegetação, entremeada periodicamente por estranhas plantas de formas mecânicas e cores metálicas, sem folhas; o centauro cumprimenta criaturas aladas, como anjos e dragões, que passam pelos céus, juntamente com aves normais, aviões normais, naves espaciais e discos voadores; cumprimenta sereias e iaras e botos nos mares e nos rios, em terra encontra o Saci, o Lobisomem, faunos, gigantes, anões e outros seres fantásticos; passa por robôs, andróides e humanóides; passa por uma comunidade urbana de mulheres negras lindíssimas, todas iguais entre si, porque são clones, de preferência nuas, e por um curral em que estão clones de homens louros musculosos, de preferência nus, vigiados como se fossem gado por centauros e centauras, e, o jovem centauro, subindo os altos e baixos da estrada, chega às portas de um moderno prédio (por exemplo, do bairro ecológico de Estocolmo), onde reduz seu galope para entrar no prédio, à frente de cuja escadaria, ou a subindo para entrar, estão alguns jovens humanos normais e algumas jovens criaturas fantásticas, de ambos os sexos, todos com subnotebook a tiracolo, a cena se interrompendo quando o jovem centauro começa a subir a escadaria. Na fachada do prédio está escrito: "Escola Nova";
Música de fundo: Alma Llanera, cantada por homem.
Seqüência 2 – 30 segundos
Exterior – Comunidade de negras lindas clonadas, todas iguais entre si, em meio a muita vegetação, tendo ao centro uma planta-máquina que está produzindo canapés e outros salgadinhos.
Rodeadas por companheiras que ficam conversando, correndo, brincando, dançando, saltando, se abraçando, se beijando, se acariciando, duas negras clones ficam junto à planta-máquina. Uma delas está acessando o teclado que programa a planta-máquina:
Negra 1 (ao lado da que programa a máquina) – Já temos
salgadinhos suficientes. Vamos reprogramar a planta-máquina
para que produza garrafas de champanha. A festa tem de ser
de arromba.
Negra 2 (que programa a máquina) – OK, é para já.
Da planta-máquina param de sair salgadinhos e começam a sair garrafas de champanha.
Seqüência 3 – 30 segundos
Exterior – curral dos clones louros. Os centauros tangem alguns dos clones para a manjedoura.
Centauro 1 – Vamos, vamos, depressa, comam bastante Viagra, que em seguida vocês terão de servir bem direitinho as madames. Hoje elas estão bastante exigentes.
Alguns clones – (grunhem enquanto acorrem à manjedoura e comem)
Seqüência 4 – Um minuto
Interior do saguão de entrada da Escola nova.
Em meio a uma multidão de jovens humanos e fantásticos, com subnotebooks a tiracolo, andando para lá e para cá, conversando em duplas, aos trios e aos grupos, enquanto esperam a chamada para a aula inaugural, vigiados por seres humanos normais mais velhos, na maioria de cabelos castanhos, mas também negros, nórdicos e orientais, o jovem centauro chinês, chamado Liu, vê que se soltou a tira do subnotebook de uma jovem clone negra e o subnotebook foi ao chão, os dois se agacham para pegar e rola um clima entre eles, o centauro pega o subnotebook, os dois se erguem, a jovem clone negra pega o subnotebook e o repõe a tiracolo; rola um clima entre eles.
Jovem negra – Muito obrigada, você é muito gentil.
Centauro Liu – De nada, como você é bonita! Meu nome é Liu. Você veio também para a aula inaugural?
Jovem negra – Vim, fui convocada para representar as minhas irmãs; todas nós nos chamamos Mona, eu sou a 133. Não sei por que esse curso não é virtual como todos os outros, nunca vi um curso em que a gente tem de participar pessoalmente.
(Soa a campainha)
Enquanto soa a campainha, todos os jovens rumam para a sala de aula, orientados pelos seres humanos mais velhos, a jovem negra e Issao vão entrando juntos..
Centauro Liu – Também nunca participei de um curso ao vivo. Gostaria de saber do que se trata.
Seqüência 5 – um minuto e meio
Interior da sala de aula da Escola Nova
Os alunos vão se acomodando, abrindo os subnotebooks que automaticamente não precisam de mesa; sentam-se os que podem, os centauros e assemelhados ficam de pé.
O professor, um idoso ser humano normal, está à mesa, tendo atrás uma videolousa.
Professor – Bom dia. Vocês devem estar curiosos para saber por que foram convocados para cá. É que nós, os mais velhos – e eu estou com mais de oitenta anos – nós, do Conselho de Anciães, resolvemos contar para vocês como era o mundo quando nascemos, muito
diferente do que é hoje. Quando eu nasci, no ano 2000, havia bilhões de humanos como eu, uns poucos clones – nenhum de humano, e umas poucas quimeras, como um camundongo tendo ao dorso uma orelha humana. (aparece na lousa essa quimera, com a data de seu lançamento). Só depois disso é que apareceram os tipos de seres como a maioria de vocês. E mais, não havia plantas-máquinas, as pessoas tinham de fazer tudo que precisavam, o que se
chamava trabalho, a maioria não tinha acesso a tudo que precisava, não era como agora, que todos obtêm o que querem por meio das plantas-máquinas, de comida a ônibus espaciais.
O professor continua falando, mas não se ouve mais o que ele diz, enquanto a câmera passeia pela sala, mostrando os alunos quietos, atentos todos e espantados alguns.
Seqüência 6, 30 segundos.
Interior, quarto, cama de casal.
Um casal nu formado por uma mulher lindíssima e um clone louro do curral troca carícias, enquanto ele só grunhe e geme, do esforço e do prazer, ela fala em voz alta.
Mulher lindíssima – Ainda bem que não ensinamos vocês a falar, do contrário você estaria estragando tudo. Ai, que gostoso...
Seqüência 7, 30 segundos.
Exterior, saída do prédio da Escola Nova.
Em meio a outros alunos humanos e fantásticos que saem da escola após a aula, o centauro Liu e a clone negra saem juntos. Ele indica a ela a sua garupa e lhe oferece carona.
Liu – Posso levá-la aonde quiser ir. Você mora na colônia de clones negras? Quer que a leve para lá?
Clone negra 133 – Sim, vou para lá; se você quiser me levar, eu agradeço.
Ela sobe à garupa dele e ele cavalga de volta pela mesma estrada da seqüência 1.
2084
Telenovela de Renato Pompeu
Seqüência 1 – cerca de três minutos
Exterior – estrada bucólica em 2084
Enquanto toca, alto, a música de fundo, e acompanhando seu ritmo, um jovem centauro, de feições chinesas, carregando a tiracolo um subnotebook, cavalga em forte galope pela beira de terra de uma estrada de asfalto dourado por onde circulam raramente alguns veículos ultramodernos; a estrada serpeia por entre montanhas, vales, planícies, planaltos, junto a praias e margens de rios, tudo entre muitas árvores de todos os tamanhos e muita vegetação, entremeada periodicamente por estranhas plantas de formas mecânicas e cores metálicas, sem folhas; o centauro cumprimenta criaturas aladas, como anjos e dragões, que passam pelos céus, juntamente com aves normais, aviões normais, naves espaciais e discos voadores; cumprimenta sereias e iaras e botos nos mares e nos rios, em terra encontra o Saci, o Lobisomem, faunos, gigantes, anões e outros seres fantásticos; passa por robôs, andróides e humanóides; passa por uma comunidade urbana de mulheres negras lindíssimas, todas iguais entre si, porque são clones, de preferência nuas, e por um curral em que estão clones de homens louros musculosos, de preferência nus, vigiados como se fossem gado por centauros e centauras, e, o jovem centauro, subindo os altos e baixos da estrada, chega às portas de um moderno prédio (por exemplo, do bairro ecológico de Estocolmo), onde reduz seu galope para entrar no prédio, à frente de cuja escadaria, ou a subindo para entrar, estão alguns jovens humanos normais e algumas jovens criaturas fantásticas, de ambos os sexos, todos com subnotebook a tiracolo, a cena se interrompendo quando o jovem centauro começa a subir a escadaria. Na fachada do prédio está escrito: "Escola Nova";
Música de fundo: Alma Llanera, cantada por homem.
Seqüência 2 – 30 segundos
Exterior – Comunidade de negras lindas clonadas, todas iguais entre si, em meio a muita vegetação, tendo ao centro uma planta-máquina que está produzindo canapés e outros salgadinhos.
Rodeadas por companheiras que ficam conversando, correndo, brincando, dançando, saltando, se abraçando, se beijando, se acariciando, duas negras clones ficam junto à planta-máquina. Uma delas está acessando o teclado que programa a planta-máquina:
Negra 1 (ao lado da que programa a máquina) – Já temos
salgadinhos suficientes. Vamos reprogramar a planta-máquina
para que produza garrafas de champanha. A festa tem de ser
de arromba.
Negra 2 (que programa a máquina) – OK, é para já.
Da planta-máquina param de sair salgadinhos e começam a sair garrafas de champanha.
Seqüência 3 – 30 segundos
Exterior – curral dos clones louros. Os centauros tangem alguns dos clones para a manjedoura.
Centauro 1 – Vamos, vamos, depressa, comam bastante Viagra, que em seguida vocês terão de servir bem direitinho as madames. Hoje elas estão bastante exigentes.
Alguns clones – (grunhem enquanto acorrem à manjedoura e comem)
Seqüência 4 – Um minuto
Interior do saguão de entrada da Escola nova.
Em meio a uma multidão de jovens humanos e fantásticos, com subnotebooks a tiracolo, andando para lá e para cá, conversando em duplas, aos trios e aos grupos, enquanto esperam a chamada para a aula inaugural, vigiados por seres humanos normais mais velhos, na maioria de cabelos castanhos, mas também negros, nórdicos e orientais, o jovem centauro chinês, chamado Liu, vê que se soltou a tira do subnotebook de uma jovem clone negra e o subnotebook foi ao chão, os dois se agacham para pegar e rola um clima entre eles, o centauro pega o subnotebook, os dois se erguem, a jovem clone negra pega o subnotebook e o repõe a tiracolo; rola um clima entre eles.
Jovem negra – Muito obrigada, você é muito gentil.
Centauro Liu – De nada, como você é bonita! Meu nome é Liu. Você veio também para a aula inaugural?
Jovem negra – Vim, fui convocada para representar as minhas irmãs; todas nós nos chamamos Mona, eu sou a 133. Não sei por que esse curso não é virtual como todos os outros, nunca vi um curso em que a gente tem de participar pessoalmente.
(Soa a campainha)
Enquanto soa a campainha, todos os jovens rumam para a sala de aula, orientados pelos seres humanos mais velhos, a jovem negra e Issao vão entrando juntos..
Centauro Liu – Também nunca participei de um curso ao vivo. Gostaria de saber do que se trata.
Seqüência 5 – um minuto e meio
Interior da sala de aula da Escola Nova
Os alunos vão se acomodando, abrindo os subnotebooks que automaticamente não precisam de mesa; sentam-se os que podem, os centauros e assemelhados ficam de pé.
O professor, um idoso ser humano normal, está à mesa, tendo atrás uma videolousa.
Professor – Bom dia. Vocês devem estar curiosos para saber por que foram convocados para cá. É que nós, os mais velhos – e eu estou com mais de oitenta anos – nós, do Conselho de Anciães, resolvemos contar para vocês como era o mundo quando nascemos, muito
diferente do que é hoje. Quando eu nasci, no ano 2000, havia bilhões de humanos como eu, uns poucos clones – nenhum de humano, e umas poucas quimeras, como um camundongo tendo ao dorso uma orelha humana. (aparece na lousa essa quimera, com a data de seu lançamento). Só depois disso é que apareceram os tipos de seres como a maioria de vocês. E mais, não havia plantas-máquinas, as pessoas tinham de fazer tudo que precisavam, o que se
chamava trabalho, a maioria não tinha acesso a tudo que precisava, não era como agora, que todos obtêm o que querem por meio das plantas-máquinas, de comida a ônibus espaciais.
O professor continua falando, mas não se ouve mais o que ele diz, enquanto a câmera passeia pela sala, mostrando os alunos quietos, atentos todos e espantados alguns.
Seqüência 6, 30 segundos.
Interior, quarto, cama de casal.
Um casal nu formado por uma mulher lindíssima e um clone louro do curral troca carícias, enquanto ele só grunhe e geme, do esforço e do prazer, ela fala em voz alta.
Mulher lindíssima – Ainda bem que não ensinamos vocês a falar, do contrário você estaria estragando tudo. Ai, que gostoso...
Seqüência 7, 30 segundos.
Exterior, saída do prédio da Escola Nova.
Em meio a outros alunos humanos e fantásticos que saem da escola após a aula, o centauro Liu e a clone negra saem juntos. Ele indica a ela a sua garupa e lhe oferece carona.
Liu – Posso levá-la aonde quiser ir. Você mora na colônia de clones negras? Quer que a leve para lá?
Clone negra 133 – Sim, vou para lá; se você quiser me levar, eu agradeço.
Ela sobe à garupa dele e ele cavalga de volta pela mesma estrada da seqüência 1.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Circular: "Um jornalista filantropo disse-me que a solidão é má para o homem, e, em apoio a sua tese, cita, como todos os incrédulos, as palavras dos Padres da Igreja.
Eu sei que o Demônio freqüenta prazerosamente os lugares áridos e que o Espírito do assassínio e da lubricidade inflama-se maravilhosamente na solidão. Mas é possível que esta solidão não seja perigosa senão para almas ociosas e divagantes que povoam suas paixões e suas quimeras.
É certo que um tagarela, cujo supremo prazer consiste em falar do alto de um púlpito ou de uma tribuna, se arriscaria a tornar-se um louco furioso na ilha de Robinson. Eu não exijo de meu jornalista as corajosas virtudes de Crusoé, mas peço que ele não acuse os amantes da solidão e do mistério.
Há, em nossas raças faladoras, indivíduos que aceitariam com menos repugnância o suplício supremo se lhes fosse permitido fazer do alto do cadafalso uma copiosa arenga, sem medo de que os tambores de Santerre lhes cortassem intempestivamente a palavra.
Não me apiedo deles, porque adivinho que suas efusões oratórias procuram volúpias iguais àquelas que outros tiram do silêncio e do recolhimento; mas eu os desprezo.
Desejo, sobretudo, que meu maldito jornalista deixe que eu me divirta a meu modo. "O senhor nunca aprova", disse-me ele, com um tom anasalado muito apostólico, "a necessidade de compartilhar suas alegrias?" Vejam vocês o sutil invejoso! Ele sabe que desdenho as alegrias dele e vem se insinuando nas minhas, o horroroso estraga-festas.
"Essa grande infelicidade de não poder estar só...", disse em algum lugar La Bruyère, como para envergonhar a todos os que correm para se perderem na multidão, temendo, sem dúvida, não poder suportar-se a si mesmos.
"Quase todos os nossos males nos vêm de não termos sabido ficar em nossos quartos", disse um outro sábio, Pascal, creio, lembrando assim na sua cela de recolhimento todos estes enlouquecidos que procuram a felicidade no movimento e numa prostituição que eu poderia chamar de fraternária, se quisesse falar na bela língua do meu século. (Charles Baudelaire, "Pequenos Poemas em Prosa"; os posts diários com sugestões de pautas e de leituras voltam no dia 7 de janeiro, após um breve recesso. Obrigado)
Eu sei que o Demônio freqüenta prazerosamente os lugares áridos e que o Espírito do assassínio e da lubricidade inflama-se maravilhosamente na solidão. Mas é possível que esta solidão não seja perigosa senão para almas ociosas e divagantes que povoam suas paixões e suas quimeras.
É certo que um tagarela, cujo supremo prazer consiste em falar do alto de um púlpito ou de uma tribuna, se arriscaria a tornar-se um louco furioso na ilha de Robinson. Eu não exijo de meu jornalista as corajosas virtudes de Crusoé, mas peço que ele não acuse os amantes da solidão e do mistério.
Há, em nossas raças faladoras, indivíduos que aceitariam com menos repugnância o suplício supremo se lhes fosse permitido fazer do alto do cadafalso uma copiosa arenga, sem medo de que os tambores de Santerre lhes cortassem intempestivamente a palavra.
Não me apiedo deles, porque adivinho que suas efusões oratórias procuram volúpias iguais àquelas que outros tiram do silêncio e do recolhimento; mas eu os desprezo.
Desejo, sobretudo, que meu maldito jornalista deixe que eu me divirta a meu modo. "O senhor nunca aprova", disse-me ele, com um tom anasalado muito apostólico, "a necessidade de compartilhar suas alegrias?" Vejam vocês o sutil invejoso! Ele sabe que desdenho as alegrias dele e vem se insinuando nas minhas, o horroroso estraga-festas.
"Essa grande infelicidade de não poder estar só...", disse em algum lugar La Bruyère, como para envergonhar a todos os que correm para se perderem na multidão, temendo, sem dúvida, não poder suportar-se a si mesmos.
"Quase todos os nossos males nos vêm de não termos sabido ficar em nossos quartos", disse um outro sábio, Pascal, creio, lembrando assim na sua cela de recolhimento todos estes enlouquecidos que procuram a felicidade no movimento e numa prostituição que eu poderia chamar de fraternária, se quisesse falar na bela língua do meu século. (Charles Baudelaire, "Pequenos Poemas em Prosa"; os posts diários com sugestões de pautas e de leituras voltam no dia 7 de janeiro, após um breve recesso. Obrigado)
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Circular: "Por volta dos 60 anos de idade, consegui afinal chegar a uma conclusão mais definitiva sobre qual é meu grande problema na vida: é que sou alérgico a seres humanos. Da grande maioria deles, pelo menos dos que fiquei conhecendo -- dos outros bilhões e tanto não posso falar -- não consigo agüentar a presença mais do que durante alguns segundos. Me dá uma aflição angustiada, uma vontade de fugir daquelas presenças. De outros consigo ficar perto por mais algum tempo, mas logo a situação também fica insuportável. Confesso que tenho um fraco por mulheres bonitas, mas nesse caso tudo o que acontece é que meu tempo de tolerância é um pouco maior. Logo, entretanto, estou aflito outra vez, por mais bela que seja a moça, e procuro escapar para longe." (Renato Pompeu no romance-ensaio "O Mundo como obra de arte criada pelo Brasil".)
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Circular: "Mas, ainda que se trate de uma inação, a arte de não escrever não pode ser confundida com a preguiça, pois, ao contrário desta, requer método e força de vontade, e, se se pode falar em exercício, é o da ascese. Em termos mais práticos, seria comparável a parar de fumar ou aos regimes alimentares: a cada cigarro que você não fuma, a cada substância gordurosa de que se abstém, o ar penetra mais puro em seus pulmões, o sangue flui límpido por suas veias. Assim é também com a palavra: a cada uma delas não escrita, a atmosfera se torna menos rarefeita, a vida corre solta, a chuva e a noite caem sem nenhuma interferência sua e você, sem dar-se conta disso, tornou-se personagem em vez de autor. O resultado, uma vez vencido o medo inicial, é comparável a jogar-se num espaço sem fim. Se, para além dele, encontra-se a morte, esta também não é um obstáculo sólido. De todo modo, qualquer tentativa de evitá-la, outra grande motivação dos escritores, acaba por revelar-se fútil. Porém, se, apesar de tudo, a necessidade de expressar-se por escrito brota dentro de alguém como uma toxina endógena, é melhor expelí-la em palavras, sabendo sempre que a fonte é inesgotável; que escrever é como matar baratas com o sapato, elas continuam a se multiplicar, como neste ensaio aqui. Diante da contradição em que ele implica, o autor argumenta, em sua defesa, que talvez possa contribuir na formação desses seres tão singulares: os homens e mulheres comuns." (Sérgio Sant`Anna, "Jornal do Brasil" de 19/01/92)
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Circular: "Esta vida é um hospital onde cada doente está possuído pelo desejo de mudar de leito. Este gostaria de sofrer em frente a um aparelho de calefação, aquele outro crê que se curaria em frente a uma janela. Parece-me que estarei sempre bem lá onde não estou, e essa questão de mudança é um assunto que discuto sem cessar com minha alma." (Charles Baudelaire, "Pequenos poemas em prosa").
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Circular: "– Na verdade me vieram algumas idéias – respondeu Sidarta – e de quando em quando tive percepções. Ocorreu-me às vezes sentir, por uma hora e mesmo durante um dia inteiro, a presença do saber no meu íntimo, assim como sentimos o pulso da vida no nosso coração. Certamente refleti sobre muita coisa, mas seria difícil para mim transmitir-te os meus pensamentos. Olha, meu querido Govinda, entre as idéias que se me descortinaram encontra-se esta: a sabedoria não pode ser comunicada. A sabedoria que um sábio quiser transmitir sempre cheirará a tolice.
– Estás brincando? – perguntou Govinda.
– Não brinco, não. Digo apenas o que percebi. Os conhecimentos podem ser transmitidos, mas nunca a sabedoria. Podemos achá-la; podemos vivê-la; podemos consentir em que ela nos norteie; podemos fazer milagres através dela. Mas não nos é dado pronunciá-la e ensiná-la. Esse fato, já o vislumbrei às vezes na minha juventude. Foi ele que me afastou dos meus mestres. Uma percepção me veio, ó Govinda, que talvez se te afigure novamente como uma brincadeira ou uma bobagem. Reza ela: “o oposto de cada verdade é igualmente verdade”. Isso significa: uma verdade só poderá ser comunicada e formulada por meio de palavras quando for unilateral. Ora, unilateral é tudo quanto possamos apanhar pelo pensamento e exprimir pela palavra. Tudo aquilo é apenas um lado das coisas, não passa de parte, carece de totalidade, está incompleto, não tem unidade." (Herman Hesse, "Sidarta”. Lembro que os posts diários voltam no dia 7 de janeiro, após um breve recesso. Obrigado)
– Estás brincando? – perguntou Govinda.
– Não brinco, não. Digo apenas o que percebi. Os conhecimentos podem ser transmitidos, mas nunca a sabedoria. Podemos achá-la; podemos vivê-la; podemos consentir em que ela nos norteie; podemos fazer milagres através dela. Mas não nos é dado pronunciá-la e ensiná-la. Esse fato, já o vislumbrei às vezes na minha juventude. Foi ele que me afastou dos meus mestres. Uma percepção me veio, ó Govinda, que talvez se te afigure novamente como uma brincadeira ou uma bobagem. Reza ela: “o oposto de cada verdade é igualmente verdade”. Isso significa: uma verdade só poderá ser comunicada e formulada por meio de palavras quando for unilateral. Ora, unilateral é tudo quanto possamos apanhar pelo pensamento e exprimir pela palavra. Tudo aquilo é apenas um lado das coisas, não passa de parte, carece de totalidade, está incompleto, não tem unidade." (Herman Hesse, "Sidarta”. Lembro que os posts diários voltam no dia 7 de janeiro, após um breve recesso. Obrigado)
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Circular: "Não é exclusividade dos velhos achar que a vida, um dia, lá atrás da curva, foi melhor ou mais fácil. Ao entrar na idade adulta, todos temos um espelho retrovisor capaz de fazer os pontos de referência anteriores parecerem mais firmes. Pura ilusão. Nossa memória seletiva produz essa imagem achatada. Na segunda-feira de manhã, na hora da barba ou do batom, nós nos olhamos no espelho frontal e podemos ver as coisas como são hoje. A vida tem de ser vivida no peito e na raça, cada coisa conquistada no momento exato, com base numa experiência que temos e não temos. E só faz sentido quando foge à regra. A regra sempre será uma bolha de sabão. Até ontem, era feita pelos outros." (Renato Modernell em "No Conforto das Regras")
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Foto da Reuters publicada no Oddly Enough, um dos blogs da agência de notícias. Eu ia sugerir como foto para as retrospectivas, mas percebi que a imagem é de 2006. Tudo bem, fica para uma outra oportunidade.
França contra EUA, de novo
4 frases úteis em 435 línguas
Muito boa idéia a deste site: "The Four Essential Travel Phrases in 435 languages + 242 dialects + 49 conlangs!" As frases são: 1) Where is my room? 2) Where is the beach? 3) Where is the bar? 4) Don't touch me there!.
A ciência da concepção
Uma das matérias mais lidas da mais recente edição da Newsweek é sobre fertilidade: "Fat, Carbs and the Science of Conception -- In a groundbreaking new book, Harvard researchers look at the role of diet, exercise and weight control in fertility. Guarantee: you will be surprised." Bom assunto, valeria repercutir.
Músicas boas com mais de 7 minutos
Uma lista bacana que está no site da Rolling Stone americana: "The Fifty Best Songs Over Seven Minutes Long".
Arlindinho, o Bozo
Sugestão de leitura: o perfil, publicado pela Piauí, de Arlindo Tadeu Barreto Montanha de Andrade, ator que interpretou o palhaço Bozo, no SBT. Um trecho do texto de Raquel F. Zangrandi: "'Fiquei pelado durante dois anos na minha vida', ele conta, referindo-se aos filmes e peças que fez no início dos anos 80: O Império das Taras, Me Deixa de Quatro, A Insaciável, Corpo Devasso, Delírios Eróticos, As Histórias que Nossas Vovós não Contavam etc. No final de uma de suas peças pornográficas, sua mãe foi ao camarim: 'Arlindinho, não foi isso que eu planejei para você, meu filho'. A morte da mãe, pouco depois, foi um grande choque e só agravou seu mergulho nas drogas, sobretudo cocaína. Para se livrar da dependência, fez curso de ioga, meditação transcendental, freqüentou mesas de kardecismo, terreiros de umbanda, quimbanda e candomblé."
Momento musical
Música para a terça-feira: "Henry Lee", com P. J. Harvey e Nick Cave. Via Comunismo da Forma.
Circular: "Se desejas comprimir algo,
deves primeiro deixá-lo expandir-se.
Se desejas enfraquecer algo,
antes fortalece-o.
Querendo anular algo,
precisas primeiro aumentá-lo.
Para alimentar-se de algo,
precisas primeiro nutri-lo.
A isto se chama enxergar claramente no invisível.
O suave vence o duro,
o fraco vence o forte.
O peixe não deve irromper subitamente das profundezas.
Não se deve exibir as ferramentas que conduzem ao reino."
(Lao Tse)
deves primeiro deixá-lo expandir-se.
Se desejas enfraquecer algo,
antes fortalece-o.
Querendo anular algo,
precisas primeiro aumentá-lo.
Para alimentar-se de algo,
precisas primeiro nutri-lo.
A isto se chama enxergar claramente no invisível.
O suave vence o duro,
o fraco vence o forte.
O peixe não deve irromper subitamente das profundezas.
Não se deve exibir as ferramentas que conduzem ao reino."
(Lao Tse)
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Hora de beber
Boa lista para ter na carteira, dobradinha: "10 best winter warming British pubs". Saiu no Times de Londres.
As idéias de 2007
O New York Times publicou, na revista de domingo, uma retrospectiva de "idéias" que, na opinião dos jornalistas, marcaram o ano de 2007. "Editors and writers trawl the oceans of ingenuity, hoping to snag in our nets the many curious, inspired, perplexing and sometimes outright illegal innovations of the past 12 months. (...) For better or worse, these are 70 of the ideas that helped make 2007 what it was." Achei curiosa esta novidade que a publicação destaca, o e-mail póstumo: "A macabre niche in the online economy is now being filled by Web sites that allow users to send e-mail messages from beyond the grave. For a modest fee, sites like youdeparted.com, letterfrombeyond.com, mylastemail.com and postexpression.com will send e-mail with instructions to be followed in the event of your death. (A beneficiary notifies site administrators of your passing.)" Muito estranho.
"Quando ele tinha a minha idade...."
Muito divertido o serviço que este site oferece: "Things Other People Accomplished When They Were Your Age". No meu caso, perdi de lavada. Com a minha idade, "after four years, Michelangelo finally finished painting the ceiling."
Os desenhos de Don Martin
Outra coleção que rende uma boa matéria neste mês de poucos assuntos: "The Completely MAD Don Martin". O Washington Post publicou ontem um texto sobre o lançamento.
Os bastidores de "O Iluminado"
Descobri hoje: Vivian Kubrick, filha de Stanley Kubrick, fez um documentário sobre as filmagens de "O Iluminado". Ela tinha 17 anos na época. Assista aqui.
domingo, 9 de dezembro de 2007
Circular (um pouquinho mais longa; hoje é domingo e dá tempo de ler): "Eu, Renato Ribeiro Pompeu, conhecido como Renato Pompeu, brasileiro, 57 anos, jornalista desde 1960, venho por meio desta comunicar a quem interessar possa que, a partir de 16 abril de 1999, mudei de ramo de atividade, com o objetivo de poder desligar-me da imprensa e assim poder continuar sendo, como sempre fui, jornalista, o que praticamente deixou de ser possível na imprensa. Tornei-me o sócio majoritário da Drogaria Ginseng Ltda., no prédio em que moro, na Rua Cardeal Arcoverde, 2.205, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, capital, onde terão desconto de pelo menos 5% os jornalistas, os sindicalizados em geral, filiados a qualquer partido político ou membros de qualquer ONG ou entidade cultural, escritores e artistas, professores e estudantes do fundamental, secundário e superior. Também haverá descontos, além de a aposentados, a desempregados e a quem ganhar menos do salário mínimo tal como deveria ser a partir dos cálculos do Dieese.
Assim, tendo uma base de sustentação, vou passar a produzir para os meios de comunicação apenas textos jornalísticos no sentido técnico e profissional do termo. Não mais pretendo escrever sobre assuntos sem importância jornalística. Nunca escrevi mentiras, ou o que eu achasse que não era verdade (a não ser como ficcionista), mas muitas coisas de interesse público de que tenho conhecimento jamais puderam ser publicadas. Agora pretendo, sobre cada assunto, escrever tudo que sei e achar relevante e puder provar. Também não pretendo mais trabalhar nas condições em que estão sendo forçados a trabalhar os jornalistas assalariados ou com contrato de prestação de serviços. Essas condições, em geral, são as seguintes:
*A imprensa é forçada, para ter público, a defender os valores da democracia, da igualdade de direitos e outros valores humanistas e progressistas, valores que são totalmente desrespeitados nas redações, onde reina um autoritarismo despótico, uma desigualdade flagrante, em especial entre homens e mulheres, e métodos de gestão que estão sendo abandonados há muito até mesmo nas fábricas; em todo o mundo se incentivam, nas empresas mais modernas, a gestão participativa, a autonomia para tomada de decisões no setor de sua competência, o respeito à individualidade de cada um, o estímulo à criatividade de todos.
*A imprensa só usa os avanços tecnológicos para cortar custos. Com base em que as modernas tecnologias de texto permitem a uma só pessoa fazer os trabalhos de apuração, checagem, redação, edição e revisão, foi eliminado um sem-número de funcionários que antes tinham cada um uma função específica. Isso não leva em conta que as tecnologias novas abrem possibilidades, mas demora muitos anos para que surjam profissionais com competência para concretizar essas possibilidades. Por exemplo, a máquina de escrever surgiu no Brasil antes de 1890, mas nos anos 1950 a escritora e jornalista Patrícia Galvão, a Pagu famosa, como redatora da Agence France Presse, e que não era nenhuma incompetente, ainda ditava seus textos a um datilógrafo profissional. Desde os anos 60, todos os jornalistas sabem teclar textos (com raríssimas exceções vindas da fase anterior), mas muito poucos são capazes de fazer todo e qualquer tipo de trabalho jornalístico. Assim se multiplicam os erros grotescos de digitação e de revisão, para não falar de apuração, edição, redação e checagem – exatamente como surgiriam erros grotescos se a Pagu tivesse de datilografar. Note-se ainda que as novas tecnologias não são adotadas quando melhoram o produto e o serviço mas não cortam custos. Se cada editoria tivesse um grupo de jornalistas, ou pelo menos um, vasculhando ininterruptamente a Internet sobre os vários temas em pauta, o nível informativo melhoraria muito, mas isso não reduz custos e praticamente não é adotado.
*Grande parte dos chefes se tornaram meros fechadores. Um editor de seção, por exemplo, teria de dominar o âmbito de sua editoria, ter fontes próprias, ter informações não de outras mídias e sim estar por dentro de fato dos assuntos cuja cobertura orienta. Tem de circular na sociedade, seja pessoalmente, seja pelo telefone, seja pelo correio eletrônico, seja por fax. Teria, acima de tudo, de assumir a responsabilidade pela procedência das notícias e dados que manda publicar. No entanto, quando surge qualquer falha no noticiário, quem paga o pato é algum subalterno ou subalterna inexperiente.
*As promoções e demissões, em grande parte das redações, não são decididas a partir da competência profissional de cada um ou cada uma, e sim pelas ligações pessoais com as chefias, ou seja, pela antiquada e obsoleta ética do favor, do clientelismo, do assédio; uma redação é mais parecida com uma fazenda de coronéis, agregados e colonos do que com uma empresa capitalista ou pública.
*Permitam-me acrescentar um item pessoal: para mim é muito difícil conviver com homens que não gostam de mulheres. Sou fã convicto e notório de mulheres em geral. Como as mulheres são particularmente destratadas nas redações, esse ambiente se tornou insuportável para mim, além de pelos itens citados, também por essa razão.
Pretendo continuar sendo jornalista, na medida do possível, e para isso tenho de me afastar do jornalismo e, nesse ramo de mídia, só trabalhar por empreitada.
De agora em diante, na imprensa e mídia em geral, só farei jornalismo e nada mais (exceto como ficcionista) e, como, por já ser quase sexagenário e ter muitas responsabilidades em relação a outras pessoas, não tenho mais condições de enfrentar as agruras (e nem o dirigismo) das mídias ditas alternativas, me tornei comerciante para poder bancar essa situação de jornalista por empreitada.
Como saúde também é cultura, e como cultura também é saúde, haverá um cadastro das compras de cada freguês(a), e, quando um ou uma cliente acumular gastos de 50 reais, terá direito a uma lauda minha sobre qualquer assunto (já que sou jornalista especializado em jornalismo). Quando os gastos superarem 300 reais, a cliente ou o cliente terá direito a uma palestra minha de hora e meia, sobre o assunto solicitado, para até seis pessoas à sua escolha, durante a qual, com meu acervo de obras de referência, inclusive eletrônicas, tentarei responder a qualquer pergunta que me seja feita.
Muitas drogarias dão brindes e estes são os brindes que posso proporcionar. Quem tiver interesse nesses serviços, e não quiser comprar nada na drogaria, terá de pagar 30 reais por lauda e, no caso de jornalistas, ou quaisquer finalidades de lucro, a tabela do sindicato. A palestra de hora e meia fica em 180 reais (30 reais por pessoa). Tanto os textos como as palestras, no caso de não-clientes da drogaria, entram no lema satisfação garantida ou seu dinheiro devolvido na hora – mas, se eu julgar que a pessoa está abusando do direito de não me pagar, por eu ter prestado um serviço que me pareceu adequado, não prestarei mais serviços de nenhuma espécie a essa pessoa e exigirei a devolução imediata da lauda ou laudas, já que a palestra não pode ser devolvida.
Só assim, nas condições atuais, poderei me manter com independência suficiente para garantir um mínimo de nível técnico e profissional nos meus trabalhos jornalísticos por empreitada, já que não pretendo mais ser empregado, nem assinar contratos de prestação de serviços. E me disponho em particular a coordenar trabalhos práticos e atividades de pesquisa dos estudantes e outros interessados na área de humanas, nas condições acima expostas.
Sem mais, agradeço a atenção e aguardo quaisquer retornos."
(Renato Pompeu, "Saúde também é cultura, cultura também é saúde", copyright Caros Amigos, maio/99)
Assim, tendo uma base de sustentação, vou passar a produzir para os meios de comunicação apenas textos jornalísticos no sentido técnico e profissional do termo. Não mais pretendo escrever sobre assuntos sem importância jornalística. Nunca escrevi mentiras, ou o que eu achasse que não era verdade (a não ser como ficcionista), mas muitas coisas de interesse público de que tenho conhecimento jamais puderam ser publicadas. Agora pretendo, sobre cada assunto, escrever tudo que sei e achar relevante e puder provar. Também não pretendo mais trabalhar nas condições em que estão sendo forçados a trabalhar os jornalistas assalariados ou com contrato de prestação de serviços. Essas condições, em geral, são as seguintes:
*A imprensa é forçada, para ter público, a defender os valores da democracia, da igualdade de direitos e outros valores humanistas e progressistas, valores que são totalmente desrespeitados nas redações, onde reina um autoritarismo despótico, uma desigualdade flagrante, em especial entre homens e mulheres, e métodos de gestão que estão sendo abandonados há muito até mesmo nas fábricas; em todo o mundo se incentivam, nas empresas mais modernas, a gestão participativa, a autonomia para tomada de decisões no setor de sua competência, o respeito à individualidade de cada um, o estímulo à criatividade de todos.
*A imprensa só usa os avanços tecnológicos para cortar custos. Com base em que as modernas tecnologias de texto permitem a uma só pessoa fazer os trabalhos de apuração, checagem, redação, edição e revisão, foi eliminado um sem-número de funcionários que antes tinham cada um uma função específica. Isso não leva em conta que as tecnologias novas abrem possibilidades, mas demora muitos anos para que surjam profissionais com competência para concretizar essas possibilidades. Por exemplo, a máquina de escrever surgiu no Brasil antes de 1890, mas nos anos 1950 a escritora e jornalista Patrícia Galvão, a Pagu famosa, como redatora da Agence France Presse, e que não era nenhuma incompetente, ainda ditava seus textos a um datilógrafo profissional. Desde os anos 60, todos os jornalistas sabem teclar textos (com raríssimas exceções vindas da fase anterior), mas muito poucos são capazes de fazer todo e qualquer tipo de trabalho jornalístico. Assim se multiplicam os erros grotescos de digitação e de revisão, para não falar de apuração, edição, redação e checagem – exatamente como surgiriam erros grotescos se a Pagu tivesse de datilografar. Note-se ainda que as novas tecnologias não são adotadas quando melhoram o produto e o serviço mas não cortam custos. Se cada editoria tivesse um grupo de jornalistas, ou pelo menos um, vasculhando ininterruptamente a Internet sobre os vários temas em pauta, o nível informativo melhoraria muito, mas isso não reduz custos e praticamente não é adotado.
*Grande parte dos chefes se tornaram meros fechadores. Um editor de seção, por exemplo, teria de dominar o âmbito de sua editoria, ter fontes próprias, ter informações não de outras mídias e sim estar por dentro de fato dos assuntos cuja cobertura orienta. Tem de circular na sociedade, seja pessoalmente, seja pelo telefone, seja pelo correio eletrônico, seja por fax. Teria, acima de tudo, de assumir a responsabilidade pela procedência das notícias e dados que manda publicar. No entanto, quando surge qualquer falha no noticiário, quem paga o pato é algum subalterno ou subalterna inexperiente.
*As promoções e demissões, em grande parte das redações, não são decididas a partir da competência profissional de cada um ou cada uma, e sim pelas ligações pessoais com as chefias, ou seja, pela antiquada e obsoleta ética do favor, do clientelismo, do assédio; uma redação é mais parecida com uma fazenda de coronéis, agregados e colonos do que com uma empresa capitalista ou pública.
*Permitam-me acrescentar um item pessoal: para mim é muito difícil conviver com homens que não gostam de mulheres. Sou fã convicto e notório de mulheres em geral. Como as mulheres são particularmente destratadas nas redações, esse ambiente se tornou insuportável para mim, além de pelos itens citados, também por essa razão.
Pretendo continuar sendo jornalista, na medida do possível, e para isso tenho de me afastar do jornalismo e, nesse ramo de mídia, só trabalhar por empreitada.
De agora em diante, na imprensa e mídia em geral, só farei jornalismo e nada mais (exceto como ficcionista) e, como, por já ser quase sexagenário e ter muitas responsabilidades em relação a outras pessoas, não tenho mais condições de enfrentar as agruras (e nem o dirigismo) das mídias ditas alternativas, me tornei comerciante para poder bancar essa situação de jornalista por empreitada.
Como saúde também é cultura, e como cultura também é saúde, haverá um cadastro das compras de cada freguês(a), e, quando um ou uma cliente acumular gastos de 50 reais, terá direito a uma lauda minha sobre qualquer assunto (já que sou jornalista especializado em jornalismo). Quando os gastos superarem 300 reais, a cliente ou o cliente terá direito a uma palestra minha de hora e meia, sobre o assunto solicitado, para até seis pessoas à sua escolha, durante a qual, com meu acervo de obras de referência, inclusive eletrônicas, tentarei responder a qualquer pergunta que me seja feita.
Muitas drogarias dão brindes e estes são os brindes que posso proporcionar. Quem tiver interesse nesses serviços, e não quiser comprar nada na drogaria, terá de pagar 30 reais por lauda e, no caso de jornalistas, ou quaisquer finalidades de lucro, a tabela do sindicato. A palestra de hora e meia fica em 180 reais (30 reais por pessoa). Tanto os textos como as palestras, no caso de não-clientes da drogaria, entram no lema satisfação garantida ou seu dinheiro devolvido na hora – mas, se eu julgar que a pessoa está abusando do direito de não me pagar, por eu ter prestado um serviço que me pareceu adequado, não prestarei mais serviços de nenhuma espécie a essa pessoa e exigirei a devolução imediata da lauda ou laudas, já que a palestra não pode ser devolvida.
Só assim, nas condições atuais, poderei me manter com independência suficiente para garantir um mínimo de nível técnico e profissional nos meus trabalhos jornalísticos por empreitada, já que não pretendo mais ser empregado, nem assinar contratos de prestação de serviços. E me disponho em particular a coordenar trabalhos práticos e atividades de pesquisa dos estudantes e outros interessados na área de humanas, nas condições acima expostas.
Sem mais, agradeço a atenção e aguardo quaisquer retornos."
(Renato Pompeu, "Saúde também é cultura, cultura também é saúde", copyright Caros Amigos, maio/99)
sábado, 8 de dezembro de 2007
Para viajar em 2008
O suplemento de turismo do New York Times que circula com o jornal de amanhã traz os "53 places to go em 2008". Do Brasil, os editores escolheram Itacaré, mais especificamente o Warapuru, um luxuoso eco-resort que será inaugurado no ano que vem. "Designed by the London-based Anouska Hempel, the resort has brought attention to Itacaré, an under-the-radar beach town on Brazil’s north coast that draws celebrities and the elite of Rio de Janeiro."
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Os livros do ano da "The Economist"
Chegou a vez da revista The Economist soltar a lista dos melhores livros do ano: "History, politics, music, business, biography, memoir, letters and fiction. There is something for everyone in this round-up of the year's best books". Gostei deste aqui: "The Cigarette Century: The Rise, Fall, and Deadly Persistence of the Product that Defined America", de Allan M. Brandt. Diz a matéria:"As recently as the late 1990s cigarettes killed more Americans than AIDS, car accidents, alcohol, murder, suicide, illegal drugs and fire. Nevertheless, the industry survived. This is the first full and convincing account of how it did so."
"Banheiro-aquário"
Descobri um banheiro relaxante (invenção japonesa). Boa pauta (humm, fiquei na dúvida) para as revistas de decoração... Assista aqui e tire as suas próprias conclusões. Este outro aqui não é tão legal, mas as crianças podem gostar.
No futuro, todos seremos esquecidos
O Skarabej é um site que coleciona fotos antigas de famílias. É um arquivo de memórias de pessoas desconhecidas. Boa parte das fotos eles acharam nos "mercados das pulgas" de cidades do leste europeu, dentro de caixas de sapatos.
Um "Orkut" pra cachorros
O New York Times fez uma matéria sobre o Dogster, uma espécie de Orkut para cachorros. Curioso - jornalisticamente falando... "There, my dogs (along with 346,639 other four-legged members, as of last week) had their own profile pages that listed their likes and dislikes, personal mottoes — Otto’s is “Are you going to finish that?” — and best tricks (“catching seedless grapes in mid-air”). "
Nostalgia televisiva
Quem gosta de comerciais de TV e desenhos animados dos anos 80 e 90 deve dar uma olhada no site RetroStatic. É isso.
A era do medo
Muito bacana esta pesquisa que o Wall Street Journal publica na edição de hoje. Recomendo. "For many Europeans, life has never been better. But when they consider how their lives and societies are changing, large numbers are dissatisfied and pessimistic about the future. A recent survey on fears for society as a whole and about anxieties on a personal level found a striking level of negative responses". Se na Europa a coisa está assim...
Circular: "Você lê na última página, sob o título 'Epígrafe', uma frase de Bernard Shaw, tirada do prefácio de 'Matusalém', e já não sabe para que a anotou, talvez por ser intrigante, nem sabe para epígrafe de qual conto, ou romance, ou artigo iria ela, e a acha de novo intrigante: 'A Natureza não privilegia o homem. Se o homem não der certo, a Natureza tentará outra experiência.' Você olha aquela agenda quase sem serventia, como certas chaves que não usamos nem tiramos do chaveiro, esquecidos de que portas abriam, mas esperançosos de que abram alguma, algum dia, e a coloca de novo no armário." (Ivan Angelo)
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Os hotéis de Francis Ford Coppola
O Independent fez uma matéria interessante sobre os hotéis de Francis Ford Coppola na América Central (Guatemala e Belize, para ser mais exato): "He's one of the biggest names in Hollywood but making movies isn't Francis Ford Coppola's only skill. He also runs successful hotels. Julie Eagleton finds out about his three resorts in Central America". Leia aqui.
Romance no trabalho
Um livro que rende uma pauta: "Office Mate: The Employee Handbook for Finding--and Managing--Romance on the Job", de Stephanie Losee e Helaine Olen. O Boston Globe fez uma matéria.
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Presente sexy
Peguei lá no Village Voice: "Eighth Annual Sexy Gift Guide -- High-tech vibrators, anal treasures, and rock-star porn". Tem várias dicas de produtos, com links e coisa e tal.
O som da Itália
Uma música italiana para abrir a quinta-feira: "Torero", com Renato Carosone. Nostálgica.
Circular: "Um grande pensador do nosso tempo disse uma vez que todo homem pode conhecer, dentro de sua casa, tudo aquilo que vale a pena conhecer. A beleza, o amor, o sentido da dor e da morte, a inocência e a culpa – cada pessoa, cada objeto, cada quarto contém o que o mundo lá fora possui. E se alguém deseja viajar por muitos lugares para aprender, talvez fosse bom lembrar antes que quem não vê o mundo inteiro no seu quarto, ou na pessoa a seu lado, não o vê em parte alguma, por mais que procure. A revelação dessa verdade simples pode ser o começo de uma grande mudança. " (Luiz Carlos Lisboa)
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Encontros e desencontros
Uma sugestão para os cadernos de turismo: "Top 10 Tokyo hotels -- Justin McCurry recommends 10 great places to stay that won't leave you out of pocket in Japan's most expensive city". Saiu no Guardian.
O dono da voz
Boa pauta e bom presente de Natal para os amigos: "The evolution of Sinatra -- who himself came to deeply influence both popular singers and jazz instrumentalists -- is celebrated in a four-CD set, "Frank Sinatra: A Voice in Time," (1939-1952), available in stores or at Amazon.com." Leia matéria publicada hoje pelo Wall Street Journal.
Lembrando de Sharon Tate
Boas referências para o pessoal da moda: fotos da Sharon Tate. Para quem nao a conhece, transcrevo trecho publicado pela Folha de S.Paulo no dia 10 de agosto de 1969: "A atriz Sharon Tate, uma das estrelas de "O Vale das Bonecas", foi encontrada morta ontem com um ferimento de bala e uma corda de nylon no pescoço, em uma cena que fazia lembrar um rito religioso sobrenatural. Quatro pessoas - três homens e uma mulher - estavam mortas no mesmo local, com ferimentos de bala ou faca. Todos os cadáveres foram encontrados na casa de Sharon, no elegante bairro de Beverly Glen. Sharon, uma bela loira de 27 anos casada com o diretor Roman Polanski, de "O Bebê de Rosemary", vestia apenas um biquíni e foi encontrada com a corda de nylon no pescoço. A corda tinha sido lançada por sobre uma viga e a outra ponta estava amarrada ao pescoço de um rapaz, tambem morto." Link das fotos via Alexandre Soares Silva.
"Pelotas, 1724..."
Ainda não tinha visto o curta "O Destino de Miguel", uma redublagem do filme "Shakespeare Apaixonado" que teve a participação de Lázaro Ramos, Wagner Moura e Igor Cavalera, entre outros. Caetano Veloso faz uma participação curtinha (é a voz do garçom). Se você também não viu, veja aqui.
Circular: "O problema com que se depara um jornal moderno, pressionado pela necessidade de se manter como um negócio lucrativo, é o de conquistar o interesse deste homem inferior -- e, por interesse, não me refiro naturalmente à sua mera atenção passiva, mas à sua ativa cooperação emocional. Se um jornal não consegue inflamar seus sentimentos é melhor desistir de vez, porque estes sentimentos são a parte essencial do leitor e é deles que este draga as suas obscuras lealdades e aversões. Bem, e como atiçar os seus sentimentos? No fundo, é bastante simples. Primeiro, amedronte-o -- e depois tranqüilize-o. Faça-o assustar-se com um bicho-tutu e corra para salvá-lo, usando um cassetete de jornal para matar o monstro. Ou seja, primeiro, engane-o -- e depois engane-o de novo." (Henry Louis Mencken em "Sobre Jornalismo", texto de 1920 publicado em "O Livro dos Insultos")
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
A cabeça do perfeccionista
Interessante esta matéria publicada hoje na editoria de saúde do New York Times: "Unhappy? Self-Critical? Maybe You’re Just a Perfectionist".
A fotografia morreu?
Para quem acompanha os movimentos da arte contemporânea, vale olhar este texto publicado na Newsweek: "Is Photography Dead?". É realmente uma boa reflexão. "The last art form to be tethered to realism, its factual validity has lately been manipulated and pixelated to the point of extinction."
Sua vida decodificada
Muito boa a matéria de capa da última Wired: "A new US$ 1000 DNA test can tell you how you'll live -- and die. Welcome to the Age of the Genome."
Circular: "O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço." (Italo Calvino em As Cidades Invisíveis)
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Os EUA e as drogas
Sugestão de leitura: "How America Lost the War on Drugs -- After Thirty-Five Years and $500 Billion, Drugs Are as Cheap and Plentiful as Ever: An Anatomy of a Failure." Saiu na mais recente edição da Rolling Stone americana.
Turismo selvagem
O suplemento de turismo do Times de Londres indica hotéis onde é possível dormir em árvores. Achei curioso. Leia a matéria "12 top jungle treehouses -- From Sweden to South Africa, we round up a dozen of the best hotel treehouses on earth." Boa pauta.
"Zed is dead, baby"
Achei este site ontem. Me diverti bastante olhando as capas das revistas. "The Pulp Gallery is a visual reference guide to the wonderful cover art of pulp and pin-up magazines. Primarily the Gallery focuses on pulp cover art from the 1920's through the 1950's and includes some magazines from beyond those date ranges."
Updike e os dinossauros
Curioso: a National Geographic pediu ao escritor John Updike um texto sobre dinossauros bizarros. Leia aqui.
O turista solitário
Boa pauta publicada pelo suplemento de turismo do New York Times: "The single traveler is being courted with more options (and deals) than ever." Leia.
Circular: “Tenho quarenta e seis anos, moreno, cabelos pretos, com meia dúzia de fios brancos, um metro e 74 centímetros, casado, com três filhos e um genro, 86 quilos bem pesados, muita saúde e muito medo de morrer. Não gosto de trabalhar, não fumo, não durmo com muitos sonos, e já escrevi 11 romances. Se chove, tenho saudades do sol, se faz calor, tenho saudades da chuva. Sou homem de paixões violentas. Temo os poderes de Deus, e fui devoto de Nossa Senhora da Conceição. Enfim, literato da cabeça aos pés, amigo de meus amigos e capaz de tudo se me pisarem nos calos. Perco então a cabeça e fico ridículo. Não sou mau pagador. Se tenho, pago, mas se não tenho, não pago, e não perco o sono por isso. Afinal de contas, sou um homem como os outros. E Deus queira que assim continue.” (José Lins do Rego)
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
Jimmy Page está grisalho
Na capa da Rolling Stone americana, matéria de David Fricke sobre a volta do Led Zeppelin. Ele acompanhou alguns ensaios da banda. Tem um trecho da reportagem no site. E fotos clássicas. A edição brasileira deve publicar, imagino.
Jogo de guerra no Rio de Janeiro
Muito bom: o designer carioca Fabio Lopez inventou o jogo "War in Rio", a versão brasileira do "War". O objetivo é "conquistar 24 favelas à sua escolha". Por que a Grow não pensou nisso? Ótima pauta para os jornais. (Atualização: o Estadão deu hoje, página C10. Ponto)
Com estilo
O New York Times lançou um hotsite para a revista de estilo que o jornal publica, a "T". Vale olhar. Para quem se interessa, tem uma entrevista com Natalie Portman.
Trilha sonora para a sexta-feira
Hoje é sexta, então lá vai: uma página que reúne vários vídeos de bandas do "pós punk", como The Smiths, Joy Division, Bauhaus, The Cramps, The Cure, etc. Acesse "Classic Post-Punk Music Videos".
Sobre nossos erros
Bacana este texto: "The Many Errors in Thinking About Mistakes". Escreve a autora: "We grow up with a mixed message: making mistakes is a necessary learning tool, but we should avoid them." Bom tema.
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
A filosofia do vinho
Sugestão de leitura: a resenha do livro "Questions of Taste - The philosophy of wine", publicada no Times de Londres.
O mundo em 2008
Imperdível o especial de perspectivas que a Economist lançou, "The World in 2008". Dá para passar um bom tempo por lá. Acesse. Um dos destaques é o "Forecast for 80 countries" (PDF, 1.1 MB), que inclui nós aqui da parte de baixo.
Sobre a mentira
Uma das matérias mais lidas do Washington Post nesta semana: "The Truth About Lying -- Our Lives Are Filled With Untruths. But Why Do We Lie, And How Can We Tell When Others Are Full of It?". Ótimo tema. Valeria traduzir e publicar por aqui. Um trecho: "Everybody lies -- every day; every hour; awake; asleep; in his dreams; in his joy; in his mourning," Mark Twain wrote in his 1882 essay "On the Decay of the Art of Lying." Much of the time we don't even know it. Lying is a necessary, near-involuntary practice that keeps the fabric of society from unraveling. Example: "How are you?" a co-worker asks. "Fine, thanks," you say, when in truth you're not fine. Life is a hellish morass, and this person is getting in the way of your dutiful self-pity. But to respond in such a dour manner would turn a passing pleasantry into an awkward, socially debilitating episode."
Circular: "É preciso estar sempre embriagado. Tudo se resume a isso: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do Tempo, que te pesa sobre os ombros, e que te inclina sobre a terra, é necessário que te embriagues sem trégua. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de sabedoria, a tua escolha. Mas embriaga-te. E se alguma vez, nas escadarias de um palácio, ou sobre a relva verde de uma encosta, na solidão morna do teu quarto, tu acordares, a embriaguez já semidesfeita ou já extinta, pergunta ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunta que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio te responderão: ‘É hora de embriagar-te! Para não seres escravo regido pelo Tempo, embriaga-te sem cessar!’” (Charles Baudelaire)
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Comer carne é bom
Ah, os prazeres de ser carnívoro. A New Yorker separou três livros para falar do assunto na matéria "Red, White, and Bleu -- What do we eat when we eat meat?". Estou sem tempo pra resumir. Vai lá. O texto começa com a seguinte pergunta: "Is it possible that meat is now openly enjoying a renaissance—that it’s finally cool to be a carnivore?" Um pouco mais adiante aparecem os livros: "Three books by authors from three backgrounds—a farmer, a chef, and a pig-slaughtering, bacon-loving descendant of butchers—are remarkably alike in their gleeful chauvinism about being carnivores."
Vida digital
Para os jornalistas e webeiros em geral: a editora digital do New York Times, Fiona Spruill, está sendo sabatinada pelos leitores do jornal. Neste link dá para ler as perguntas e respostas que surgiram até o momento. O jornal descreve assim o trabalho dela: "Ms. Spruill manages The Times’s Web newsroom, which is made up of the 60 producers and editors who are responsible for publishing NYTimes.com 24 hours a day. Her staff is focused on creating a site that takes full advantage of the online medium by creating original multimedia, encouraging reader participation and packaging the news in smart ways."
O glamour do vestido preto
Sugestão de pauta para quem escreve sobre moda: o livro "The Black Dress", de Valerie Steele. A autora é diretora do museu do Fashion Institute of Technology. Rende uma boa entrevista. Palavra dos editores: "Glamorous or modest, seductive or practical, chic and versatile, elegant, powerful, modern, and never out of style, the black dress has been the foundation of a woman's wardrobe for centuries. The allure of the black dress has captured the imagination of generations of couturiers and artists and served as the signature of society's most enviably dressed women."
A terapia do MDMA
O ecstasy pode ser usado no tratamento de "post-traumatic stress disorder"? O Washington Post levantou essa questão na matéria "The Peace Drug". "Post-traumatic stress disorder had destroyed Donna Kilgore's life. Then experimental therapy with MDMA, a psychedelic drug better known as ecstasy, showed her a way out. Was it a fluke -- or the future?"
Mestres do kung fu
O fotógrafo Justin Guariglia fez um ensaio com monges do templo Shaolin e lançou um livro sobre o tema. Vale dar uma olhada.
"Une Chaise à Tokyo"
Uma música francesa para a quarta-feira: "Une Chaise à Tokyo", de Benjamin Biolay. O clipe é ótimo. Via Comunismo da Forma.
Circular: "Estamos habituados a associar a noção de êxtase aos grandes momentos místicos. Mas existe o êxtase cotidiano, banal, vulgar: o êxtase da raiva, o êxtase da velocidade ao volante, o êxtase do atordoamento pelo barulho, o êxtase nos estádios de futebol. Viver é um pesado esforço contínuo em não se perder a si mesmo de vista, em estar sempre solidamente presente em si mesmo, em sua stasis. Basta sair um pequeno instante de nós mesmos para tocarmos o domínio da morte." (Milan Kundera)
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Turismo em Honduras
O Wall Street Journal diz que Roatán, Honduras, é o próximo destino da moda. "Though most Americans have never heard of Roatán, the place is well on its way to becoming the region's next "it" spot. Cruise companies, airlines and foreign real-estate investors are moving in, bringing new construction projects -- and potentially hundreds of thousands of tourists -- with them."
A ioga facial
Mais uma invenção do mundo contemporâneo: ioga facial. Saiu na Time. "For people who deem needles too scary and surgery too drastic, the latest anti-aging fad may appeal: facial yoga. Based on the premise that facial muscles, like any other muscle, need exercise to stay toned, enthusiasts of facial yoga say the regular practice of making kissy faces or wagging one's tongue can reduce worry lines and wrinkles — and even create a little peace within". Leia aqui.
A música e o kitsch
Uns minutos de pop bem kitsch para começar a terça-feira: Michael Zager Band, "Let's all chant". O clipe é ótimo. Peguei no YouTube francês.
Circular: "Por não sabermos quando vamos morrer, costumamos encarar a vida como um manancial inesgotável. Porém tudo acontece apenas certo número de vezes, na verdade um número bem pequeno. Quantas vezes você ainda vai recordar uma certa tarde de sua infância? Aquela tarde tão profundamente entranhada no seu ser que você sequer poderia conceber sua existência sem ela. Talvez quatro ou cinco vezes mais, ou nem isso. Quantas vezes você ainda vai ver surgir a lua cheia? Talvez vinte, e no entanto até isso dá a impressão de não ter limite." (Paul Bowles em "O Céu que nos proteje").
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Outro lançamento que dá matéria é "Playboy: The Complete Centerfolds", um livro enorme que traz todos os pôsters publicados na história da edicão americana da Playboy. São mais de 600 mulheres (a foto acima é de 1970, ano em que eu nasci). Nas mãos do colaborador certo, pode render um ótimo texto sobre a evolução do conceito de belo, ao menos entre os editores e fotógrafos da revista. Palavras do editor: "We've reproduced these Centerfolds exactly as they appeared in the magazine to create a full-size, deluxe volume. Paging through this colossal, chronological collection provides a breathtaking view of our evolving appreciation of the female form: from the fifties fantasy of voluptuous blondes to the tawny beach girls of the seventies to the groomed and toned women of today. Housed in a handsome leather briefcase lined with velvet, this impressive tome is the ultimate indulgence for every passionate collector." Repare na "pasta de executivo" que vem com o livro. PS: A edição brasileira poderia lançar um versão nacional. Seria um sucesso.
O pai do Ultraman
Este livro recém lançado vale ao menos uma boa nota: "Eiji Tsuburaya: Master of Monsters". Para quem não conhece o assunto, Eiji é a mente brilhante por trás de criações como Godzilla, Mothra e Ultraman.
O dossiê “Crime organizado"
Boa pauta que eu peguei no site da Agência Fapesp: "A revista Estudos Avançados termina o ano com uma análise profunda sobre um dos problemas mais graves e complexos do Brasil na atualidade. O dossiê “Crime organizado” é o destaque da 61ª edição da publicação do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP). O lançamento da revista será no dia 12 de dezembro, na sede do IEA, mas haverá pré-lançamento nesta segunda-feira (26/11), durante o Seminário Internacional sobre o Crime Organizado, realizado pelo Centro de Estudos da Violência da USP – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da FAPESP, também conhecido como Núcleo de Estudos da Violência (NEV)."
O fim da psicanálise
A psicanálise está morrendo? Uma matéria publicada no New York Times joga luz sobre o tema. Um trecho: "A new report by the American Psychoanalytic Association has found that while psychoanalysis — or what purports to be psychoanalysis — is alive and well in literature, film, history and just about every other subject in the humanities, psychology departments and textbooks treat it as “desiccated and dead,” a historical artifact instead of “an ongoing movement and a living, evolving process.”" Leia aqui.
100 opções para as férias de verão
A lista anual do New York Times com os "100 Notable Books of the Year".
Circular: " A sorte é tudo. Os acontecimentos tecem-se como as peças de teatro, e representam-se da mesma maneira. A única diferença é que não há ensaios; nem o autor nem os atores precisam deles. Levantado o pano, começa a representação, e todos sabem os papéis sem os terem lido. A sorte é o ponto." (Machado de Assis, " A Semana", 30/12/1894, Crônica)
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Os 100 mais da Wikipedia
Uma lista bacana: os 100 verbetes mais lidos da Wikipedia (em inglês). "List of sex positions" aparece em 17º. Curioso.
Sobre o futuro do jornalismo
Sugestão de leitura: o texto The Future of the News Business, de Mindy McAdams, publicado no blog Imagining the Future of Newspapers. Mindy dá aulas de jornalismo na Universidade da Flórida e é autora de “Flash Journalism: How to Create Multimedia News Packages”.
Brinquedinhos da "Wired"
Pensando na lista de natal, a Wired selecionou os "Top 10 Gifts We'd Love to Get". Vale uma olhada.
Como comemos
Um infográfico interessante publicado pelo Washington Post sobre o nosso sistema digestivo.
Circular: "Nada pode ser feito sem solidão. Eu mesmo criei para mim uma solidão da qual ninguém suspeita. (...) Solidão não significa recusa ao mundo. Ao contrário, quer dizer colocar-se num observatório onde todas as coisas do mundo podem penetrar, decantadas e límpidas, sobretudo sob a forma de emoções." (Pablo Picasso)
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
As malas sumiram
Pauta publicada pelo New York Times: "Why do so many passengers get off the plane only to discover that their baggage did not make the trip with them?" Leia aqui.
Uma conversa com o Dalai Lama
Eu nunca tinha visto uma palestra do Dalai Lama. Este link traz uma (2h31, streaming) , realizada no dia 5 de novembro na Stanford School of Medicine. "The conference was moderated by Dr. Wlilliam Mobley, Cahill Professor in the School of Medicine and Director of the Neuroscience Institute at Stanford. He assembled a distinguished group of scientists and Buddhist scholars to join him in this dialogue." Bom para lincar.
Nós, humanos
O site Dream Anatomy tem uma galeria interessante não apenas para quem se interessa por ciência e medicina. Os desenhos antigos são ótimos. Via U.S. National Library of Medicine.
Para quem gosta de fotografia...
Vale olhar o trabalho do fotógrafo Joe Reifer, de San Francisco. Eu gostei da série "Night", a primeira que aparece no site.
Circular: "Como disse Eliot em The waste land: 'These fragments I have shored against my ruins'. Assim, a memória são fragmentos trazidos à praia contra minhas ruínas. Como você gosta de ouvir, falo de meu pai, de minha mãe, de meus avós, até do quarto onde nasci. Mas são sempre fragmentos, só fragmentos." (João Cabral de Melo Neto nos Cadernos de Literatura Brasileira).
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Um cruzeiro de luxo pelo Amazonas
Esta é uma das poucas suítes do M/V Aqua, uma embarcação para turistas que navegará no lado peruano do Amazonas a partir de janeiro. A cozinha será comandada pelo chef Pedro Miguel Schiaffino, de Lima. O preço do sonho: de US$ 1950 a US$ 4550 por pessoa. Boa pauta para o turismo. Vale dar uma olhada no site da Aqua Expeditions e pegar mais informações. Eu li sobre isso na revista especial sobre viagens que o New York Times publicou.
Alienígenas entre nós
Bem interessante esta matéria da Scientific American: "Are Aliens Among Us? -- In pursuit of evidence that life arose on Earth more than once, scientists are searching for microbes that are radically different from all known organisms". A edição brasileira deveria traduzir e publicar.
"O que tem real valor para você?"
Sugestão de leitura: a matéria "O verdadeiro luxo", de Márcia Bindo, publicada na capa da edição de dezembro da revista Vida Simples.
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A saúde da mente
Resenha publicada na The New York Review of Books trata de três lançamentos interessantes -- e cada um deles poderia render uma pauta: "The Loss of Sadness: How Psychiatry Transformed Normal Sorrow into Depressive Disorder", de Allan V. Horwitz e Jerome C. Wakefield; "Shyness: How Normal Behavior Became a Sickness"; e "Let Them Eat Prozac: The Unhealthy Relationship Between the Pharmaceutical Industry and Depression", de David Healy. Vale dar uma olhada. Leia aqui.
Silêncio é ouro
Hoje, dia 21, muita gente na Grã-Bretanha vai aderir ao No Music Day. "ipods serão deixados de lado"; "bandas de rock não tocarão"; "garotos do coral calarão a boca". Alguém poderia fazer uma versão brasileira desse evento. Leia matéria sobre o assunto.
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Circular: "De onde vem o nosso cansaço? Da clássica compressão de dezembro, em que tudo deve ser concluído às pressas, ou da súbita descompressão de janeiro, em que não se acha uma viv’alma a postos em lugar algum, e ninguém move uma palha sem antes aprovarem o orçamento? Suspeito que o cansaço vem das duas coisas combinadas, extremos tão próximos, como a ducha gelada depois da sauna, que induz ao sono. O país em TPM e, de repente, caído num torpor de ópio." (Renato Modernell em A Vida Começa na Quaresma)
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Rosa Passos na "New Yorker"
A New Yorker desta semana publicou uma matéria elogiosa sobre a cantora baiana Rosa Passos. Leia aqui. Um trecho: "Her voice has the clarity of water, and her phrasing, all but free of vibrato and ornamentation, is colored only by the nasality that is embedded in the Portuguese language. If it isn’t the most beautiful voice, it is surely one of unusual splendor, especially bewitching in the upper register, where it suggests fragility but never breaks."
Não deu pra segurar
Homem do tempo larga o trabalho e vai ao banheiro, ao vivo. Bom vídeo para lincar.
Shakespeare na TV
A BBC vai filmar todas as 37 peças de Shakespeare. Boa pauta. Saiu no Telegraph. Um trecho: "It has enlisted Sam Mendes, Oscar-winning director of American Beauty and Road to Perdition, and his Neal Street company to produce the entire canon over a 12-year period. Some of the country's biggest stars – including Kate Winslet, who is married to Mendes, Dame Judi Dench, Sir Ian McKellen, Jude Law, Dame Helen Mirren, and James McAvoy – are being tipped to take part in what will be one of the BBC's most expensive and ambitious drama series." Leia aqui.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Para mulheres estressadas
Interessante esta matéria da Economist: "The sex of a child may depend on how stressed its mother is".
O produto mais inovador de 2007
A revista Popular Science escolheu o Nanosolar como o produto "mais inovador" do ano de 2007. Leia aqui. Um trecho: "Imagine a solar panel without the panel. Just a coating, thin as a layer of paint, that takes light and converts it to electricity. From there, you can picture roof shingles with solar cells built inside and window coatings that seem to suck power from the air."
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O legado de Bush, segundo Stiglitz
Ótimo texto de Joseph E. Stiglitz, Prêmio Nobel de economia e ex-economista-chefe do Banco Mundial, na Vanity Fair de dezembro. Vale comprar e traduzir. "The Economic Consequences of Mr. Bush - The next president will have to deal with yet another crippling legacy of George W. Bush: the economy. A Nobel laureate, Joseph E. Stiglitz, sees a generation-long struggle to recoup."
Erro de cálculo
Snowboarder atropela modelo em transmissão ao vivo pela TV. Legal pra lincar, acho. Assista.
Arte na web
Para quem se interessa por arte e cultura, esta notícia que eu pesquei lá no Guardian pode interessar: "Three weeks ago, the British Museum quietly launched its comprehensive website of what it calls flat art: mostly so far its enormous collection of prints and drawings. The drawings, 50,000 of them, have all been catalogued; the prints, by no means. It is hard to say how many of them there are." O link para pesquisar está aqui.
Um podcast sobre Shakespeare
Curioso: um podcast que discute trabalhos acadêmicos sobre Shakespeare. O mais recente é este aqui: "Emma Hayley talks about adapting Shakespeare to the ancient Japanese comic art form of manga, after launching the Manga Shakespeare book series."
Circular: "Trate de saborear a vida; e fica sabendo que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a lei, e trate de aproveitá-la." (Machado de Assis em Memórias Póstumas de Brás Cubas).
domingo, 18 de novembro de 2007
Jeff Bezos e o futuro da leitura
Jeff Bezos, da Amazon, quer reinventar o último dos produtos analógicos: o livro. A Newsweek colocou a história na capa da sua mais recente edição -- e o assunto deve repercutir. Um trecho sobre a novidade: "This week Bezos is releasing the Amazon Kindle, an electronic device that he hopes will leapfrog over previous attempts at e-readers and become the turning point in a transformation toward Book 2.0. That's shorthand for a revolution (already in progress) that will change the way readers read, writers write and publishers publish." Leia a matéria "The Future of Reading".
Pãozinho caseiro
Esta escola, na Toscana, ensina o aluno a preparar pães caseiros. "Join our master bakers in rural Tuscany and learn the secrets of baking English and European breads. You'll use fresh local ingredients to bake everything from sourdough to Italian delicacies." Li hoje no site do New York Times, na editoria de Turismo (que tem até uma matéria sobre a Bahia sugerindo "Ivete Sangolo", com "o", como atração musical).
Vídeos de guerra
O espírito do tempo: o site Militaryvideos.net é uma espécie de YouTube para soldados. Tiroteios, lançamentos de bombas, etc. Vale dar uma olhada.
Circular: "Perdemos o maior prazer de todos que é o prazer de sermos nós mesmos. O amor pelo dinheiro, se tornar um rato numa cultura guiada pelo consumo destes tempos, faz de nós fraudes. Quando passamos a maior parte de nossas horas acordados num trabalho, fingindo que gostamos do trabalho, fingindo que gostamos de nosso chefe, fingindo que estamos interessados no nosso trabalho, então o fingimento se torna um estilo de vida. Nós nos tornamos o que T.S. Eliot chamava de "homens ocos". Quase tudo o que consumimos, quase tudo o que compramos é placebo. Esses produtos de uma cultura consumista vazia é que são as verdadeiras drogas perigosas. Nossa "guerra contra as drogas" deveria ser contra essas coisas." (Nick Tosches, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo sobre A Última Casa de Ópio)
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
A internet está matando a reportagem
Matéria de David Leigh, do Guardian, diz que a internet está acabando com o repórter (ou ao menos com o jornalista investigativo). Um bom tema para as faculdades debaterem, acho. Deixo um trecho aqui: "Andrew Marr asked if all news organisations were cutting back. "Yes, indeed," said the BBC's veteran international correspondent John Simpson. "Reporters are under real threat. More than ever before. They [media owners] say, 'You're not needed — we just want people's opinions about what's happened, not the facts.' I'm becoming an endangeredspecies and people are less and less interested in the wider world." Max Hastings, ex-editor of the Daily Telegraph and the London Evening Standard, said: "It's even more true in newspapers. All sorts of areas of the world are now thought to be too boring to keep a correspondent there. The commentariat has taken over." Leia aqui.
Circular: "Desde os tempos imemoriais, a principal questão da prática (do zazen) tem sido ter uma mente limpa, tranquila, sob qualquer circunstância. Mesmo quando você está comendo algo bom, sua mente deve estar suficientemente tranquila para apreciar o trabalho de preparar a comida e o esforço de dispor os pratos, os hashi, as tigelas e tudo o mais que usamos. Com a mente serena, conseguimos apreciar o sabor de cada legume, um a um. Não colocamos muito tempero, de modo a apreciar a virtude de cada legume. É assim que cozinhamos e comemos." (Shunryu Suzuki, autor de "Mente Zen, Mente de Principiante")
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
No mundo de Dilbert
A Wired promoveu um concurso para escolher o mais triste (deprê, se preferir) "cubículo" de trabalho (ou "baia", como chamam lá na empresa). Veja aqui quem ganhou e conheça também os outros finalistas.
Hits da era do YouTube
Uma lista batuta (com links para vídeos) da revista PC World: "Greatest Hits of Viral Video - From crooning politicians to a grocery store manager who can crush windpipes with his mind, these are the greatest hits of the YouTube Age". É a parte 1 de uma série de 5 coletâneas. Tem coisas antigas (na velocidade da internet, claro, como os Back Dorm Boys ou a lonelygril15 - foto) mas vale olhar.
Ignorância seletiva
Este tema dá uma boa pauta: "Too Much Information? Ignore It". A matéria foca em Timothy Ferriss, autor de "The 4-Hour Workweek". Um trecho: "After reading Mr. Ferriss’s recent best seller, “The 4-Hour Workweek” (Crown), Jason Hoffman, a founder of Joyent, which designs Web-based software for small businesses, urged his employees to cut out the instant-messaging and swear off multitasking. From now on, he told them, severely restrict e-mail use and conduct business the old-fashioned way, by telephone".
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Um blog sobre o futuro dos jornais
Bom para que acompanha de perto o mundo do jornalismo impresso: a A Newspaper Association Of America acaba de lançar o blog "Imagining the Future of Newspapers". Um dos editores escreve: "Some observers are mired in the haze, predicting the imminent demise of the local newspaper franchise. But other more thoughtful visionaries see brighter days ahead, if newspapers embrace market trends and re-think product, marketing and organizational strategies." Vale olhar.
Bicho-papão
Mais um item que entra para a lista dos "medos de criança": as descargas automáticas das privadas (cada vez mais comuns nos lugares públicos, ao menos nos Estados Unidos). "Unlike their antiquated, manually operated predecessors, the toilets can flush at the slightest movement, and emit a high-pitched whine that, to some ears, sounds like a cat being strangled." Os guris não estão preparados para o susto, explica a matéria do Times de Nova York.
A revista acaba (mas o site continua)
Circular: "Quando eu tinha dez anos, levava para a escola a chave de casa, porque voltava antes dos meus pais, que às vezes trabalhavam até tarde. Numa noite de inverno, quando cheguei na porta de casa, procurei a chave e não achei. A casa estava isolada. A noite caía. Estava sem a chave. Fiquei esperando na frente de casa, uma hora, duas horas, três horas. Meus pais não chegavam. Achei que nunca mais fossem voltar. Pus-me a chorar. Sentia-me muito sozinho, abandonado, exilado, infeliz. Finalmente meus pais chegaram: “Por que você está chorando? Como vimos que você tinha esquecido a chave, deixamos a porta aberta”. Empurrei a porta. Ela estava aberta. Não tinha nem sequer pensado em tentar abri-la sem a chave." (Pierre Lévy em "O Fogo Liberador")
terça-feira, 13 de novembro de 2007
O mundo depois de 2012
Em maio deste ano, a revista New Yorker organizou o evento “2012: Stories From the Near Future”, uma série de palestras com profissionais que, de alguma forma, já estão atuando na vanguarda em suas especialidades (como é o caso do curador Hans Ulrich Obrist (foto), da Serpentine Gallery, e de Anthony Atala, diretor do Wake Forest Institute for Regenerative Medicine). O site da revista acaba de disponibilizar várias dessas palestras e entrevistas. Por enquanto são 17 vídeos. Muito bons.
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