quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Circular: "Durante muitos anos acreditei que o rosto nos fosse dado ao acaso. Cheguei até a pensar que não havia razão para que os rostos das pessoas inteligentes deixassem ver, de alguma maneira, a inteligência (pois supunha que ela trabalhasse silenciosamente, nas profundezas, sem alterar a superfície, como um redemoinho em águas mansas). Em compensação, eu me dizia, as pessoas que precisam de toda a sua atenção para entender as coisas mais evidentes sem dúvida imprimem na sua própria cara, através do prolongado esforço mental, uma expressão aguda ou, pelo menos, desperta. Com esta reflexão eu admitia que a matéria que forma o rosto é dócil ao espírito – por assim dizer – que a anima. Há tanto para aprender neste mundo que algo sempre nos escapa. Quero dizer que precisei muito tempo para aprender aquilo que ninguém ignora: que os loucos têm cara de loucos; os gênios, de gênios; os idiotas, de idiotas..." (Adolfo Bioy Casares, "Eu e meu rosto")
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